Revivendo o Coronelismo nos atuais tempos da gritocracia

Por Cristiano Borin,
jornalista e consultor empresarial

Eu gosto muito de parábolas, ainda mais quando elas detêm verdades sem retoques, fatos que realmente ocorreram.

Vou contar-lhes uma notícia que apreciei dia desses pela internet, inclusive que mesmo eu morador do centro oeste paulista, pude participar.

Nos rincões do distante município de Lajeado/RS, os eleitores através de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular, pedem a redução dos salários dos vereadores. Naquele município gaúcho, os edis percebem mensalmente o valor de R$ 6.424,89.  Os munícipes inconformados, pedem que o subsídio mensal seja reduzido para um mais justo, mais condizente, correto, relativamente digno e dentro do orçamento do município, tolerados, R$ 1.700,00 por mês!

Uma petição eletrônica está disponível na internet, modernidades dessas que só a nos conviventes do século 21 (ou seria sobreviventes?), temos a nosso alcance.

O que achei mais correto em Lajeado é que a justificativa de redução e paridade salarial está mencionada claramente no Projeto, e diz: Artigo 1º parágrafo II –  Fica estabelecido como teto para os subsídios dos vereadores o salário inicial dos professores da rede municipal com carga horária de 20 (vinte) horas semanais.

Justo e merecido.  Afinal por meritocracia, os edis são comparados a nossos mestres, pessoas fundamentais na educação e formação de todos os cidadãos, nossos ilustres professores.

Mas falando em meritocracia, palavra cujo um de seus significados é o de conquistar posições através de méritos, tenho percebido uma nova modalidade que vem sendo praticada na bela cidade de Pederneiras, a mendaz prática da “gritocracia”.

No dicionário informal “gritocracia” significa vencer através do grito.  Além de gritar, amedrontar o expectador, na tentativa de sufocar iniciativas, calar. 

Isso me lembra o Coronelismo.  Gosto de ver essas histórias nas novelas da seis. Mas é só!
O Coronelismo para os mais jovens leitores e também para relembrar os mais maduros, na figura de seus coronéis, hoje nomes de ruas em nossas cidades, era uma patente delegada pelo estado a alguns privilegiado, num ato muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do país.

O Coronel era normalmente um figurão, grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para praticar a “gritocracia”, garantindo a eleição e permanência dos candidatos que ele apoiava, onde ainda era usado rotineiramente o voto de cabresto.
Naquele tempo, o Coronel usava de violência, para calar os cidadãos contrários a seus interesses.  Amedrontados, os comerciantes e eleitores eram pressionados por capangas a seguirem o determinado. Os votos eram comprados, trocados por favores, entre outros embustes.

Atualmente, aqui na nossa terrinha, quando se trata de mexer no bolso de políticos, alguns carreiristas, a “gritocracia” entra em cena, tentando sufocar movimentos legítimos como o Ética e Cidadania que representa o povo.

O eleitor não deve jamais temer aqueles que elegeu de forma democrática através do voto, e se o número de s necessária for atingido dentro de um Projeto de Lei Popular, sua voz, como nas urnas, se fará valer.

A palavra “gritocracia” obviamente não existe em nossa língua portuguesa, e qualquer semelhança com o antigo e malfadado coronelismo não é coincidência.

Que a força esteja com vocês! Sucesso!

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